"Do you feel your head is full of thunder?
Questions never end?
Empty nights alone?
No wonder
it all comes back again”
- The Sisters of Mercy, "Under The Gun"
Agora ouvindo um especial da Alvorada das bandas "Echo & Bunnymen" e "Tears for Fears", sendo a primeira música "Human in Chains", já estava me preparando antes para escrever novamente aqui, pensando no que iria falar e acho que a música deu "clique" do melhor a dizer.
O nome do blog foi escolhido pela idéias contidas no mito de Prometeu e da música "Alice" da banda "The Sisters of Mercy".
(O presente blog é chamado também sucintamente de "Aun", como referência ao som do universo: "OM" ou "AUM")
Bom, o mito de Prometeu, resumindo está que ele rouba o fogo sagrado dos deuses e o trás aos humanos, sendo condenado por Zeus à ter o fígado eternamente devorado por uma águia (ou em algumas histórias por um abutre).
Para quem quiser saber mais é só olhar na página: http://www.pantheon.org/articles/p/prometheus.html (este link não mais direciona para esta página, mais ainda para o mesmo site).
Depois caso alguém queira posso traduzir a página sobre Prometeu.
Posteriormente essa mitologia da Grécia Antiga reaparece em diversos lugares como drama "Prometeu Desacorrentado" (no original "Prometheus Unbound") de Percy Bisshe Shelley e, de sua esposa, Mary Shelley, a clássica obra "Frankstein ou O Prometeu Moderno" ("Frankstein or The Modern Prometheus") .
No caso de "Alice", do Sisters, acho que deve ser uma referência às obras de Lewis Carroll (Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho), já que estão estão na lista de "likes" do vocalista da banda no site oficial.
Terminadas as explicações básica, uma rápida "dissecação de referências", o tema que prentendo abordar é a estrutura que aparece em diversas histórias, contos de fadas e mitos, um arquétípo para os mais íntimos do assunto.
Os mitos em que irei utilizar como base são a queda do paraíso cristã e o de Prometeu. Nos dois existe de forma metaforicamente a questão da busca de conhecimento e ao adquirí-lo, há uma queda, uma condenação à um sofrimento eterno.
Será que estamos confinados similarmente à esses mitos, acorrentados em um sofrimento eterno? Talvez essa seja uma das mais velhas questões humanas... Contudo no mito de Prometeu ele consegue se livrar do pássaro que o devora, sendo que o estado de eternidade ao qual Zeus o condenou termina, mas até quando?
Comentário I: Após reflexões, experiências e vivências, tento responder "estamos confinados similarmente à esses mitos, acorrentados à um sofrimento eterno?" e "quando a condenação de Prometeu termina?". Com meditação, pela prática que tenho com esse método de desenvolvimento humano, percebo que podemos nos livrar das correntes do sofrimento, terminando aí "a condenação de Prometeu", mas talvez não para sempre, talvez o "sofrimeto eterno" exista, mas com momentos em que ele parece desaparecer. A pergunta que se segue está como: “Se posso ter momentos de libertação do sofrimento, até quando podem durar esses momentos?”
Comentário II: Dois anos após a publicação deste artigo revisado e com adição de comentário, publico-o com um segundo comentário: Após esses anos confirmo o que disse acima e a ideia do sofrimento eterno, parece cada vez mais frágil, ao menos com meditação. A condenação de Prometeu se tornou menos pesada e concreta, mais leve e abstrata, as "correntes" começaram a ficar mais finas e um fim dessa "eterna" prisão parece algo mais palpável. Os momentos de libertação do sofrimento tornam se mais frequentes e profundos.
Comentário III: Um ano após a publicação do Comentário II e será que existe ou existirá um Inferno Eterno? Será que o sofrimento está como eterno, mas que está como inconstante – quero dizer, com lapsos de libertação do mesmo –, que não só sofremos, mas temos também momentos de alegria, prazer e felicidade?
Comentário IV: Tempos depois de escrever esta artigo descobri que a música que deu origem a este, possui como título não “Human in Chains”, mas sim “Woman in Chains”.
Nota: Não estou afirmando que somente a meditação como prática isolada do desenvolvimento humano, facilita esse estado de libertação do sofrimento, pois paralelamente a meditação fiz outras práticas, mas como percebo o que foi dito acima com uma certa frequência após meditações, estou considerando essa prática como fundamental para esse processo.
Considero a psicoterapia tendo também uma função de alívio do sofrimento, mas percebo a meditação o caminho primordial, enquanto essa outra atividade, concerne mais na melhora de nosso funcionamento no mundo. Ao menos pensava assim, ano passado. Já hoje me questiono em relação à essa postura em relação á meditação e psicoterapia.
Comentário V: Agora, pelo pensamento budista, consigo distinguir entre "sofrimento" e "dor": a "dor" ("sofrimento primário") está intrínseca a vida, inevitável - já o "sofrimento" ("sofrimento secundário") aparece quando adicionamos uma carga desnecessária, que colocamos na situação, dependendo de como lidamos, relacionamos ou interpretamos o que vivemos, sendo esta evitável.
“De acordo com o estudioso de budismo Alan Wallace, o Buda poderia ser considerado um cientista genial que, dada a época em que viveu, não dispunha de outros instrumentos além do seu próprio corpo e da própria mente para testar suas hipóteses. Ele usou os recursos que tinha com grande habilidade para explorar as questões mais profundas que o interessavam: Qual é a natureza da mente? Qual é a natureza do sofrimento? É possível viver livre da servidão e do sofrimento?”
- Jon Kabat-Zinn, “Atenção Plena para Iniciantes”
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