Para começar precisamos sair de “algum lugar” e aqui coloco como primeiro tema, a questão do Diário Mágicko.
O Diário Mágicko seria um registro das práticas de Magia. O
formato ou as questões as serem preenchidas em um Diário Mágicko variam de
referência para referência, de fonte para fonte.
Na Wicca, uma Tradição de Bruxaria - e aqui colocamos a
Bruxaria como uma manifestação da Magia – existem dois tipos de registros de
Magia ou formas de “Diário Mágicko”: o “Livro das Sombras” e o “Livro dos
Espelhos”. Os rituais de Magia são escritos no “Livro das Sombras”, enquanto as
reflexões são escritas no “Livro dos Espelhos”.
Os registros de Magia, de acordo com algumas perspectivas,
alguns autores, fontes ou referências, colocam no como uma forma de praticar “ciência”.
Nesse sentido e significado, os registros no Diário Mágicko concernem com as
anotações dos “estados” das “variáveis” que influenciam determinada prática
Mágicka. Assim, ao registrar os “estados” dessas “varíaveis” e o resultado do “estado”
delas, se pode chegar em uma “receita”, de que “variáveis” no “estado” “X”,
resultam em resultado “Y”. E assim, pensa-se que ao se repetir o estado “X”,
ocorrera o resultado “Y”. Isso para você seria uma forma de fazer “Ciência”?
Respondendo à pergunta logo acima: considero que sim, mas
em UMA perspectiva do que seria ciência – chegar em dados replicáveis de
fenômenos.
Agora com este texto, acho que estamos “saindo” de “algum
lugar”, para chegar a “outro lugar”, mesmo assim, considero uma relatividade
nesse movimento, pois não estou afirmando categoricamente e de modo enfático que
“Magia é Ciência”, mas sim que “Magia pode estar como Ciência” e nisso temos
ainda, e talvez isso seja positivo, uma versão, uma filosofia de vida, “processual”,
em que diz que as coisas ocorrem como “processo” e não como “essência”, mas
aplicando a ideia “processual” a ela mesma, ela pode “sair de si mesma” e criar
uma versão de mundo, universo, de visão “essencial” ou “essencialista”.
Essa visão – chamada aqui de “processual” - de mundo ou de
universo, adquiri com e como uma influência dos escritos de Robert Anton Wilson,
um magista ou mago – como preferirem denominar – que dizem sobre um “agnosticismo
modelo”, que tudo está como probabilidade e possibilidade, que nada está 100%
certo ou 100% errado, no sentido e significado de que não se acredita em 100%
em uma coisa, nem se desacredita ou não se acredita 100% em algo.
Robert Anton Wilson discorre sobre Ciência e Magia, dois
temas que ele aborda, tendo, vamos dizer, uma postura “científica” perante a
Magia. Ele teve, por si mesmo, influência de Aleister Crowley – autor de Diário
Mágicko, lançado no Brasil com o título de “Aleister Crowley e a prática de
diário mágico”. Crowley considerava a Magia com estas palavras (aqui em
português): “A Magia é a Arte e a Ciência de causar mudanças de acordo com a
Vontade.”.
Daí a ideia que comecei parte anterior deste artigo, de
colocar a Magia como Arte e Ciência.
Aqui, encerramos a explicação e discussão do tema de “Existe
Magia?” em relação ao Diário Mágicko e a possibilidade desse de constituir como
material de uma “metodologia científica” da Magia.
Sem conclusões, assim prossigo...
E uma citação próxima, semelhante ou mesmo com a mesma
ideia de Robert Anton Wilson:
"Há duas maneiras de deslizar facilmente pela vida:
acreditar em tudo ou duvidar de tudo, as duas maneiras nos poupam de
pensar."
- Alfred Korzybski, citação por Stephen Paul Adler, Ph. D.,
no livro livro "Hipnose Ericksoniana: Estratégias para a Comunicação
Efetiva", p.vii
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