domingo, setembro 08, 2019

Algumas Palavras–LIV


“11. Abordagem experiencial por psicólogos
Um método específico da psicologia transpessoal, inspirado na psicanálise, é o de conseguir que psicólogos experimentem estados de consciência cósmica. Como é bastante sabido, só conseguimos compreender bem o que é a psicanálise e o que se passa dentro de uma pessoa que se submete ao processo analítico, submetendo-se a ele. Tart sugere o mesmo no que se refere à psicologia transpessoal. O psicólogo transpessoal precisa, em primeiro lugar, passar por experiências cósmicas, para depois as submeter a uma abordagem científica mais tradicional. É o que podemos chamar de método «experiencial». Tart assinala o maior obstáculo deste processo: é o caráter noético da experiência. Com efeito, o conteúdo da experiência é tão evidente, que muitos são os que se perguntam, depois, para que gastar tantos esforços para demonstrar o óbvio. É o que aconteceu com Timothy Leary, por exemplo, que abandonou progressivamente todo trabalho experimental para se dedicar a uma apologética lírica da experiência psicodélica. O mesmo se deu com José Silva com a sua psico-orientologia: após vários anos consagrados a demonstrar com pesquisas cientificas a possibilidade de desenvolver poderes parapsicológicos, e diante da dificuldade de transmitir as suas conclusões por meio de artigos, resolveu disseminar diretamente o seu método de Mind Control, deixando a cada psicólogo ou psiquiatra tirar as suas próprias conclusões experienciais. É o ponto de vista adotado também por todas as escolas esotéricas e ocultas.
Estamos de acordo com Tart quando afirma que não devemos, do ponto de vista metodológico, nos deixar levar apenas pela certeza ontológica em nível experiencial. Há uma necessidade de demonstrar, a posteriori, o acerto e a realidade destas experiências, mostrando o seu caráter universal. Por processos psicométricos de análise de conteúdo e talvez outros métodos ainda, deve ser possível confrontar as experiências ditas «subjetivas» entre si, da mesma maneira que se conseguiu confrontar entre si descrições de manchas de tinta (Teste de Rorschach). O maior problema ainda será de semântica: dar nomes a fenômenos desconhecidos do homem comum; o Oriente tem uma grande contribuição a nos dar neste sentido.”
- Pierre Weil, “Questões Fundamentais de Psicologia Transpessoa” em “Mística e Ciência” - Pequeno Tratado de Psicologia Transpessoal Vol. 2 – p. 17-8

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