- Joseph
Campbell, "O Poder do Mito"
Há mais
de seis meses venho fazendo um trabalho com minhas subpersonalidades, centrado
em um exercício, o “Reconhecimento das Subpersonalidades”, de Piero Ferrucci,
no livro “O Que Podemos Vir A Ser”. Esse exercício, simplificando-o, consiste
em uma descoberta e diálogo com subpersonalidades. Com isso pretendo aqui fazer
um breve relatório das experiências que tive com essa prática.
No
primeiro mês foram surgindo as diversas subpersonalidades, as quais coloquei em
uma lista. A partir de um tempo, com a lista já formada, escolhi algumas das
subpersonalidades e trabalhei com cada uma das escolhidas, por cerca de um mês.
Nesse processo como um todo (antes e após formar a lista) ocorreu que no
diálogo com algumas das subpersonalidades, elas passaram a se importar com algo
além delas, com o conjunto das subpersonalidades, exigindo menos atenção
constante, percebendo que elas tinham uma função importante perante o todo das
subpersonalidades e que em nome da harmonia do todo das subpersonalidades elas
só deveriam “entrar em cena”, atuar, quando fossem necessárias.
Uma das
subpersonalidades, que denominei por “o Monge”, tinha como função harmonizar a
convivência entre as subpersonalidades. Em algumas subpersonalidades, reconheci
características “boas” e “más”, “qualidades” e “defeitos”. Uma
subpersonalidade, “Aquele que Traz o Caos”, parecia negativa, mas também
chamava “Aquele Que Quebra Padrões”, quebrando não só padrões positivos, assim
como padrões negativos, impulsionando-me ao crescimento. Outra
subpersonalidade, “o Barqueiro”, era muito rígido e controlador, mas ao mesmo
tempo era disciplinado e aos poucos foi se tornando mais maleável e se
harmonizando em relação ao todo das
subpersonalidades, percebendo quando era necessário, momentos em que agia e
quando era desnecessário, momentos em que não agia e assim economizava energia
para os momentos em que deveria entrar em ação. Uma, outra subpersonalidade,
que antes aparecia como um vampiro, com passar do tempo, passou a se apresentar
como um “eu-criança-em-crescimento”. Essas foram algumas das experiências nas
quais explorei as subpersonalidades.
Evocação?
Tenho
pouco conhecimento teórico e prático das técnicas chamadas, na Magia, de
evocação, a qual consiste em chamar a presença e interagir com
espíritos/entidades, contudo tentarei resumir aqui um pouco da teoria e da
prática a mesma.
Já
definimos em que consistem essas técnicas no parágrafo acima e agora entrei em
questões referentes à explicação desse mesmo fenômeno em relação aos diversos
paradigmas dentro da Magia. Temos quatro paradigmas básicos, que explicam como
a Magia funciona e esses são: Modelo Espírito, Modelo Energia, Modelo
Psicológico e Modelo Cibernético. Esses Modelos nem sempre aparecem isolados e
sim, muitas vezes mesclados. A evocação na Magia pode ser explicada por ao
menos dois desses Modelos: o de Espíritos e o Psicológico.
No Modelo
de Espíritos, temos o clamar presença e ter uma interação com “espíritos”, que
também podemos chamar de “entidades”. Prefiro o nome de entidades, pois esses
seres podem não ser espíritos de humanos falecidos – como vemos dentro do
Espiritismo -, mas outros seres como Deuses e Deusas, elementos e elementares
(como formas-pensamento), espíritos de animais e da Natureza e toda gama de
inteligências não-humanas.
Já no
Modelo Psicológico dizemos o que uma vez chamamos de “entidades”,
consideraríamos como partes psicológicas e “pedaços” de nosso mundo interno e
subjetivo, que poderiam corresponder aos “arquétipos” (literalmente “tipos
primordiais”) ou “imagens arquetípicas”, “complexos” (sendo que para Carl
Gustav Jung*, no centro de um complexo existe um arquétipo) ou, até mesmo
“persona(s)” (Carl G. Jung), “subpersonalidades”, para Roberto Assagioli**.
Uma vez
abordada à teoria, gostaria de descrever um pouco das experiências que tive com
a evocação e incluir um pouco mais da minha experiência com o trabalho com as
subpersonalidades. O trabalho com os dois – evocação e subpersonalidades –
foram muitos semelhantes – as “criaturas”/entidades evocadas, assim com as
subpersonalidades, me supreenderam com seus comportamentos, talvez, digo
talvez, a diferença tenha sido que na interação com a evocação estava lidando
com algo exterior a mim e no contato e diálogo com as subpersonalidades, estava
movimentando em relação ao meu interior.
Aí vem a
questão: Evocação? O trabalho com as subpersonalidades seria um modo ou mesmo a
mesma prática, com diferentes detalhes e/ou vivenciados em diferentes culturas,
que a evocação na Magia. Temos duas explicações, de acordo com os dois
paradigmas para evocação, que citei, o Modelo Espírito, que dirá que são
entidades, de certo modo objetivas e externas e o Modelo Psicológico, que irá
interpretá-las como partes da psique, internas e subjetivas. Talvez sejam
paradigmas, Modelos, complementares, que assim como a “dualidade da luz” na
Física Quântica, em sua díade “onda” e “partículas”, apresentem comportamentos
hora como espíritos/entidades e em outros momentos como fragmentos do psiquismo
humano.
*Criador da Psicologia
Junguiana (nome popular)/Psicologia Analítica (nome formal, técnico-psicológico
e “oficial”). Foi quem cunhou o termo “transpessoal”, que usado mais
recentemente em conjunção com a palavra Psicologia – então Psicologia
Transpessoal – que está como aquela linha/abordagem da mesma que inclui a
Espiritualidade, estudando os “Estados Alterados de Consciência” (“EACs”) e
mais especificamente os “Estados Não-ordinários de Consciência” (“ENOCs”) “Holotrópicos”,
que quer dizer e significa, aqueles estados que vão em direção ao todo, que
vulgarmente chamamos de “experiência mística”.
**Criador da Psicossíntese
uma linha/abordagem de Psicologia Transpessoal.
Update (09/09/2020)
Mais sobre Psicologia?
O que é Psicologia?
http://aliceunbound.blogspot.com/2020/01/o-que-e-psicologia.html
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