quarta-feira, janeiro 31, 2024

Série de Ensaios: Ensaio I: Insatisfação, com Satisfação, e Satisfação com Insatisfação

 

“Para termos bem-estar, precisamos estar 100% satisfeitos em não estarmos 100% satisfeitos.”

- Anônimo



A Insatisfação Humana... Um "grave e constante" em nossa vida, ao menos na vida da maioria das pessoas como entendo a Humanidade.

De acordo com minha visão, pelo o que observei e experimentei, o ser humano tende a estar insatisfeito constantemente e disse surge a Busca. A "Busca" com "B" maísculo de forma mais ampla além da Busca Espiritual, mas a Busca por Sentido, a Busca por Construir uma Obra, deixar um Legado.

Essa Busca precisa terminar para que conseguirmos o que queremos ou ao conseguirmos o que queremos a Busca termina.

Podemos acabamos abandonando o Caminho, seja pela Desilusão ou pela Chegada ao Fim.

Aqui falamos de um outra forma da Busca pelo Bem-Estar e pela Felicidade. E a cessão da insatisfação ao notarmos que já estamos onde "precisávamos" estar, isto está, no Aqui e No Agora. O mundo, a vida, de certa forma só existe no Aqui e no Agora. Só neste momento podemos fazer algo e mudarmos algo, ou  até continuarmos e terminarmos algo.

Considero como possível, apesar da Insatisfação, estarmos satisfeitos de forma "100%" entre áspas, aceitando estarmos insatisfeitos. Ao aceitamos e acolhermos a insatisfação, podemos ficar ao menos um pouco mais satisfeitos. Estou falando de uma satisfação "sem efeitos especiais" - expressão usada o Luiz Pondé em relação ao prazer, mas que de algum modo vem a calhar com o que estamos falando.

A Busca Incessante por Satisfação e Prazer, paradoxalmente nos leva para longe dessa Satisfação e desse Prazer. Apenas a Satisfação e o Prazer "sob medida", aqui assemelhando ao pensamento epicurista, podemos ter uma "satisfação plena" e ao mesmo tempo incompleta. Mas completa, mesmo que incompleta, mas aguda, satisfação com insatisfação.

(...)

Aceitação, talvez palavras primordial aqui. Mas a segunda palavra primordial seria o "saborear" e "deleitar" dentro do possível. Aqui podemos lembrar de que na Psicologia Positiva nos diz que quanto mais prazer temos, vamos ficamos insesiveis a ele pela Habituação, daí considero a importância de termo "prazer" sim, mas "sob medida". Dentro do necessário e do possível, mas sem tentarmos fazer um "alongamento maior do que a perna".

E um outro lado ou perspectiva disso está, que considero que na vida precisamos de um propósito, uma direção, ou talvez, sobretudo de uma "experiência de vida" (ressoando aqui o pensamento de Joseph Campbell). Tem sentido ter prazer e o prazer pode estar como sentido, mas não deve ser o único significado, sentido ou bússola, pois pode acabar usando-o como uma "muleta", um "apoio de apego" descessário.

Aqui, partindo da frase "Para termos bem-estar, precisamos estar 100% satisfeitos em não estarmos 100% satisfeitos.”, passamos por várias reflexões, que se resumem em um paradoxo de estar completamente satisfeito sem estar "completamente satisfeito". Vimos nesse percurso falando de uma (quase) constante humana: a insatisfação - e a busca ao lidar ou mesmo encerrar essa qualidade (ou talvez um "defeito" ou "desvantagem") humana.

Após isso, apontamos para uma solução (parcial ou completa? Talvez dessa linha de pensamento advenha mais paradoxos...): a aceitação - que como uma virada nos faz ressignificar que a não-ação pode ser a melhor ação, nos coloca diante de uma saída com base e fim, resolução em um paradoxo. Ao aceitar a vida como está e como estou, transcendo e atinjo uma mudança no mundo, vida, e no como estou.

Passamos aqui, por um outro ponto, o de "saborear" contrastando, se opondo, ao "engulir". Em outras palavras ter um prazer moderado e sob medida, "saborear" e não "devorar". Assim temos prazer, sem aleijá-lo, sem entorpecê-lo, deixando o "vivo" e vívido.

O ponto em diante foi o de ter sentido no prazer e prazer no sentido, sentido de buscar prazer, mas ter prazer para ter sentido, propósito - sintetizando assim não só, ou não propriamente dito "sentido de vida" ou "significado", mas "experiência de vida", "experiência viva", vívida.

E assim terminamos o percurso com a mente "aberta", "curiosa" e "de principiante" (remetendo ao mindfulness) para o sentido, com um sentido, com prazer e vida, "saboreando" a aceitação pequena e momentânea, que nos catapulta para algo além, para transcedência, para transcedermos e "ao infinto e além!"...

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