Esta semana começaram as aulas novamente, 3º. período, nova sala, mesmo andar. Revi muita gente e tenho alguns colegas novos em certas matérias.
As disciplinas continuam quase às mesmas, mas sem Seminário Interdisciplinar e Filosofia II, mas com Anatomia e Fisiologia Humana e Antropologia.
É sobre esses novos campos que se abriram para mim que quero falar um pouco, fazer uma breve reflexão. Nesta postagem falarei exclusivamente de Anatomia e Fisiologia Humana.
Estou tendo mais uma quebra de paradigma, a de um paradigma puramente mentalista, em que a "mente é tudo" e "tudo é mente", tudo ocorre dentro dela, com ela e para ela, ou mesmo sendo uma projeção dela que cria o "mundo físico" que não passa de uma vivência, um espelho da mente (Críticas à essa visão?). Contudo as coisas agora me parecem ser mais complexas do que eu pensava, indo além disso, que não é uma hipótese a se descartar, mas à voltar com novos olhos, rever e releer.
Diversas coisas incluindo o início das aulas de Anatomia e Fisiologia Humana me fizeram ir além disso, começando a deslocar da ideia da mente como algo "superior", mais importante que o "mundo físico" e o "corpo"*, para atingirem o mesmo status, sendo coisas que se influenciam mutuamente como um todo orgânico, talvez indissociáveis, o que me lembra o movimento de ação e reação recíproco entre sujeito e ambiente, remetendo ao conceito de Yin e Yang, de opostos complementares formando o todo, o Tao.
Agora dividirei o assunto em duas partes, a primeira com um enfoque para os adoradores de MAGO: A Ascensão e a segunda para os interessados em Psicologia.
Para os adoradores de MAGO: A Ascensão
Acabei escorregando para uma visão “akáshica” de realidade, em que deve se desenvolver o corpo para elevar a mente, o que acaba dentre outros detalhes me levando a ver que o oposto também me parece conveniente, melhorar a mente para se ter uma saúde física melhor, afinal a saúde mental e física, é saúde “do mesmo jeito”.
Como acima citei a ideia/concepção do Tao, considero que vale lembrar, que no Mundo das Trevas (mundo fictício), de MAGO: A Ascensão, alguns Magos dessa Tradição - isso, ao menos na minha visão dessa ficção- estão como taoístas e aqui transcrevo um trecho de história do “Livro das Sombras: O Guia dos Jogadores de MAGO: A Ascensão”, que fala da relação mente e corpo:
“Qual é o caminho da Ascensão?’ A pergunta revolvia na mente em meditação de [Discípula] Brisa de Outono.
‘Perfeição da mente.’ Os pensamentos de Montanha Suave sussurravam em sua cabeça.
‘Perfeição do corpo.’ Águia Furiosa pronunciou as palavras em sílabas pausadas e distintas. Seu corpo parecia planar com as suas voadoras até o telhado alto e arqueado.
‘Seriam ambos os caminhos? Dois caminhos? É esse o segredo?’ Ela tentava se concentrar, mas as perguntas continuavam revolvendo no seu subconsciente.” (em itálico no original, p. 52).
E um trecho do comentário, no mesmo livros, sobre essa parte, desse conto:
“Com o passar dos séculos, a Irmandade de Akasha fragmentou-se em diversas escolas de pensamento. As escolas primárias são aquelas que pregam o desenvolvimento da mente e do corpo. A perfeição da natureza humana é a chave para ambos. A paz interior é alcançada quando se compreende as formas e limitações de cada um. Uma pessoa precisa compreender a si mesmo para que possa compreender o Todo Cósmico [Tao?] e o seu lugar nele.” (em itálico somente aqui, não no original, p. 52).
Tanto a parte anterior quanto a próxima poderiam se estender mais, porém prefiro ser sucinto em um primeiro momento**.
Para os interessados em Psicologia
Estou entendendo o Behavorismo (ou Psicologia Comportamental) de uma maneira "mais aprimorada" e não me parece tão simplista e parte do "positivismo chato", mas algo com potencial de ir além. O Tao ilustra a questão ambiente-sujeito e estímulo-reação – uma visão “monista”-, enquanto a ideia "o todo é mais que a soma das partes" da Gestalt também é interessante de se perceber que o Tao é mais que a soma do Yin com o Yang, sendo que o símbolo do mesmo está representado por uma carpa negra (Yin) e uma carpa branca (Yang) de onde surge um terceiro ponto, a interação-movimento entre elas que formam o Tao – maior que o Yin ou Yang isolados – criando do dois o três.
Assim como na Gestalt, "o todo é mais que a soma das partes", assim como Tao é mais que a soma do Yin com o Yang, estou buscando refletir se o mesmo não aconteceu nas outras abordagens de Psicologia Fenomenológica, além da Gestalt (como a Psicologia Fenomenológica-Existencial e a Psicologia Humanista), com o conceito de "organismo" (Tao?), como algo psicofísico ("psíquico", Yin e "físico", Yang?).
E os computadores, trabalham com código binário (0 e 1, que podemos relacionar com Yin e Yang), mas ao expressarem em imagens na tela, podem aparecer com múltiplas cores, assim novamente "o todo é mais que a soma das partes" (e o Tao se revela com nova roupagem).
Comentário I: Mais recentemente com o método criado por Eugene T. Gendlin, a Focalização (nome original: "focusing"), simplificando, funciona ao se focar a atenção ao corpo de um modo e perguntar o corpo de uma determinada maneira, obtendo respostas e elaboração de questões subjetivas e pessoais, e com alguns meios de meditação que utilizam como foco de atenção ao corpo, assim também com uma maior abertura à experiência e percepção das sensações físicas em psicoterapia - estou revendo novamente o status da mente, razão, pensamentos e linguagem, como acima do corpo e vendo um status importante do corpo, descobrindo nele uma sabedoria, além sentir e perceber o próprio corpo como uma "bússola", um meio orientador de como viver a vida e de saber quais necessidades satisfazer em um espaço-tempo, situação, no "aqui e agora".
Comentário II: De um tempo para cá tenho lido e estado ligado à Teoria Integral, também chamada de Abordagem Integral, ou AQAL, de Ken Wilber, em que nela existe um gráfico composto por quatro Quadrantes, um onde se pode localizar a “mente” – visto por uma via/método Fenomenológico (o Quadrante Interior Individual) - e outro onde se localizá-la a nossa parte física, o “corpo” e o “cérebro” (o Quadrante Exterior Individual – por uma via da “ciência de exteriores”***), que estão como paralelos e correlacionados, possuindo o mesmo status e importância e sendo mutuamente interligados e influenciados.
Comentário III: Agora acho importante não negar o “corpo” e/ou o “cérebro”, o Quadrante Exterior Individual, e como importante aceitar e incluir na visão de mundo, assim como a Visão Integral, outro nome para a Teoria Integral, e na Prática de Vida Integral. O “corpo” está como uma área de prática/módulo básico e central dessa prática de vida.
Comentário IV: Com os comentários II e III, quis dizer que estou com uma “visão” e “atitude prática”, mais I(i)ntegral, com uma menor hierarquização entre a mente e corpo, os vendo como “duas faces de uma mesma moeda”, ou mesmo áreas/campos paralelos da vida.
* Nota adicionada em 07/04/2021: Acho que provavelmente tive influência da cultura que vivenciei, em relação a ideia de que mente está como superior ao corpo e ao mundo material. No Ocidente essa concepção, pode ter se iniciado com Platão, já que Rui Carlos Stockinger (2007, p. 19), nos diz que: “Para Platão, o pensamento seria superior à matéria, assim como regia e produzia os corpos.”.
** Nota adicionada em 07/04/2021: Com as novas versões deste artigo (texto), tenho estendido mais.
*** Designação que criei, algo como “Ciências Duras”, também chamadas de “Ciências Pesadas”, ou mesmo, de “Hard Sciences”.
Referência
STOCKINGER, Rui Carlos. Reforma Psiquiátrica Brasileira: perspectivas humanistas e existenciais. Petrópolis: Vozes, 2007.
Update (11/09/2020)
O que é Psicologia?
http://aliceunbound.blogspot.com/2020/01/o-que-e-psicologia.html
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