Não, não estou falando da Cultura Racional... Estou falando de uma experiência que tive do mundo/universo, que antes encantado eu estava, maravilhado com o mundo, até que o significado/interpretação do mesmo se tornou tedioso e desencantado para mim, e depois retornei a uma vida animada, reencantada. E... o Novo, que foi a saída para o reencanto e fôlego de viver!
Lembrando vagamente da teoria atômica de Leucipo e Demócrito comecei a desanimar com o mundo/universo, percebendo/significando o mesmo como apenas uma recombinação de peças básicas e de número limitado, como, em metáfora, se o mundo fosse todo feito de Lego (acho que essa metáfora aparece no “O Mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder, livro que li e muito gostei principalmente do final, que considerei muito surreal! Recomendo-o!) e que a vida não passava de recombinações dessas peças encaixadas de modos diferentes, em combinações limitadas e de quantidades de peças, também limitadas. Enfim, as possibilidades finitas.
Com o tempo percebia que cada momento tinha sua “energia”, uma percepção do total das sensações ou o “felt sense” (aqui essa, última expressão linguística, tem o significado de acordo com o trabalho/Obra de Eugene Gendlin, um filósofo) diferente, mas não tinha muito consciência disso e só consegui “simbolizar” e tomar plena consciência disso, quando lendo Ken Wilber, percebi que na sua hierarquia, cada nível superior dessa, apresentava qualidades/características novas, não encontradas nos elementos pertencentes aos níveis inferiores; como por exemplo, átomos incluem partículas subatômicas, moléculas incluem átomos, tecidos orgânicos incluem moléculas, órgãos incluem tecidos, organismos incluem órgãos, e a cada nível se encontra uma novidade além dos elementos que compõem o nível anterior. E aí, veio o “boom”! Como na Gestalt, o todo está como maior que soma das partes. Então cheguei à conclusão, que a “configuração geral” de cada momento era Novo! Então consegui a libertação de um mundo com tons de cinza, limitado e finito, para um mundo de diversidade de cores vivas/vívidas e brilhantes, vibrante! Para um mundo sempre-mutante, sempre cheio de novidade e estimulante, em que cada momento não está como a repetição do anterior, mas sim, único, precioso e significativo! E fui bem-vindo ao Infinito!
“Pois o segredo do pensamento contextual é que o
todo revela novos significados que não estão disponíveis para as partes e,
desse modo, os grandes quadros que nós construímos dão um novo significado
aos detalhes que os compõem.” (itálicos meus)
- Ken Wilber, “Psicologia Integral: Consciência, Espírito, Psicologia e Terapia”, p. 16