“Podemos perceber que somos, cada um de nós, na alma, filhos de Afrodite, que a alma é uma therapeutes, como foi Psiquê, no Templo de Vênus? É lá que está em devoção. A alma nasce na beleza e alimenta-se de beleza, precisa dela para viver. Se lemos Platão do modo como o fez Plotino, e compreendermos Psiquê do modo como o fez Apuleio, e experimentar a alma como o fizeram Petrarca e Dante então psique é a vida de nossas respostas estéticas, aquele sentido do gosto em relação às coisas, aquela vibração ou dor, desgosto ou expansão do peito – reações estéticas primordiais do coração que são a própria alma falando. A primeira característica de Psiquê, e o modo como primeiro a conhecemos, não é em relação a suas tarefas, o trabalho de fazer alma nem seus sofrimentos de amor, tampouco sua opressão de perdida, a ausência e privação da alma – no conto de Apuleio, tudo isso vem mais tarde. Primeiro a conhecemos por suas característica primária, dada em sua natureza: Psiquê é bela.”
- James Hillman, “O pensamento do coração e a alma do mundo”, p. 42